Quantas pessoas morrem a cada mês no Brasil?

Roberto Luiz do Carmo*


Segundo o site oficial do Ministério da Saúde, o coronavírus é uma família de vírus que causa infecções respiratórias. A maioria das pessoas se infecta com os coronavírus comuns ao longo da vida, como o alpha coronavírus 229E, NL63, beta coronavírus OC43 e HKU1.

Disponível em: https://www.unmgcy.org/covid19-statement
O novo agente do coronavírus, COVID-19, que já causou mais de 17.454 mortes no mundo, foi descoberto em 31 de dezembro de 2019, na China. E tem levantado preocupação porque, como é um agente novo, o mundo ainda não dispõe de vacinas ou tratamentos para prevenir e/ou curar a doença. Além disso, em um mundo globalizado, e devido as especificidades do vírus, ele tem se alastrado rapidamente, chegando, em três meses, a infectar 169 países**. 
E um dos maiores aliados do vírus é a desinformação. De fato, atentar-se para a informação vinda de meios de comunicação sérios, e através de profissionais capacitados, como pesquisadores e profissionais da área da saúde, é a melhor forma de se prevenir. 
Para combater o COVID-19 também é essencial conhecer o contexto único de cada localidade, saber qual era a situação prévia e como a pandemia a alterou. Ou seja, para o nosso contexto é importante conhecer o número de óbitos prévios no Brasil, a cada mês. A partir desse número é possível ter referências, mesmo que iniciais, em termos de parâmetros históricos -, o que permite avaliar o peso relativo dos óbitos por essa doença, no conjunto das causas de morte.
A infecção humana pelo novo coronavírus na Classificação Internacional de Doenças (CID-10) estão alocadas no Capítulo I “Algumas doenças infecciosas e parasitárias”, sendo que o código para registro de casos, conforme as definições, será o B34.2 – Infecção por coronavírus de localização não especificada. E, portanto, é esse o grupo de mortes que estão classificadas no Cap. I que será impactado pelo aumento do número de óbitos decorrentes da atual pandemia, e que precisam ser monitorados com atenção.
A partir do levantamento dos dados mensais sobre a mortalidade por causas a partir do Capítulo I da CID-10 entre 2007 e 2017 (que é o ano com dados mais recentes disponíveis), em um total de 132 meses, foi possível identificar que o número de casos de óbito nesse período para o Cap. I foi de 559.172 óbitos. O número máximo mensal foi 5.389 óbitos, em março de 2016. O número mensal mínimo de óbitos foi no mês de fevereiro de 2007, com um total de 3.418 óbitos. A média mensal de óbitos é de 4.236 óbitos.
Em relação ao total de óbitos mensais, a menor participação do Cap. I foi no mês de julho de 2011, com 3,94% (com 4.201 óbitos). A maior participação relativa foi de 4,83% (5.389 óbitos), em março de 2016. A média dos valores das percentagens no período foi 4,29, enquanto a mediana foi 4,25.
A primeira morte por COVID-19 foi registrada no Brasil em 17 de março, e em 7 dias já são 34 mortes que foram confirmadas como resultantes por infecção desse agente. E em 28 dias temos 1.891 casos confirmados. 
Assim, aponta-se a importância da realização de testes para o COVID-19. É essencial conhecer a extensão da pandemia. E para isso, é necessário ter dados fidedignos para que possamos compreendê-la, e aprender como o vírus tem impactado nossa sociedade. 

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* Professor do Instituto de Filosofia e Ciências Humanas da Universidade Estadual de Campinas - Unicamp.
** Coronavirus COVID-19 Global Cases by the Center for Systems Science and Engineering (CSSE). 

Imagem: Global Solidarity and Cooperation to Effectively Address COVID-19. Disponível em:https://www.unmgcy.org/covid19-statement

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